Memorial Oficina 7: Perfil das demandas da população, ofertas do serviço, ambiência e espaços de cuidado

Memorial Oficina 7: Perfil das demandas da população, ofertas do serviço, ambiência e espaços de cuidado

por MARINA SANTOS ROCHA . -
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Aconteceu nos dias 06 a 08 de agosto de 2024, na Escola Municipal Cônego Raimundo Trindade, a Oficina 7 das Unidades-Laboratório da Regional Venda Nova, CS Paraúna e CEM/CAM-VN. Com o tema “Perfil das demandas da população, ofertas do serviço, ambiência e espaços de cuidado”, esta oficina contou com a participação de 110 profissionais dos dois serviços distribuídos nas três turmas. Na terceira turma, contamos ainda com a presença da tutora da Regional Noroeste, Érika.

Iniciamos, como sempre, revisitando as temáticas das oficinas anteriores para demonstrar a interconexão e a continuidade entre elas. Destacamos que a melhoria dos processos de trabalho não depende apenas do que abordamos nas oficinas, mas também de como cada um de nós aplica e conduz essas práticas no dia a dia.

Na segunda turma, um dos trabalhadores perguntou sobre os avanços que as oficinas têm alcançado e resgatamos, nesta e nas turmas seguintes, vários processos disparados a partir das oficinas, como: 

  • as rodas de conversa do CEM com os trabalhadores de todas as unidades da regional nas especialidades: mastologia, endocrinologia, PNAR e cardiologia em 2023;

  • Alinhamento com os administrativos de VN sobre o SIGRAH, fluxos e rotinas importantes para o agendamento de consultas especializadas;

  • Proposta de rodas de conversa sobre Esporotricose com dermato, GERZO e epidemiologia da GAERE-VN para setembro deste ano ;

  • Reuniões no Paraúna entre diversas categorias para alinhamento dos processos locais;

  • Atualização do cadastro para redividir a área por equipe no centro de saúde, dentre outros.

Questionamos se estão achando as oficinas muito cheias e a maioria avaliou que não. Também questionamos se estão prescritivas e a maioria avaliou que não. Estas perguntas foram resgatadas no final, sobre a oficina atual, e todos avaliaram que este espaço tem possibilitado colocar o trabalho em análise sem imposições;validando a avaliação inicial.

Realizamos a leitura dos objetivos e roteiros da oficina e iniciamos com uma dinâmica para refletir sobre oferta e demanda. Tal dinâmica consistia em que cinco voluntários recebiam a encomenda de preparar uma receita diferente. Era falado apenas os nomes, Strogonoff, Bolo, Tropeiro, Almoço Tradicional e Refeição Saudável, sem maiores informações. Eles tiveram 3 minutos para escolher os ingredientes entre os disponíveis no “supermercado”, que eram fichas com as imagens dos ingredientes disponibilizadas sobre a mesa. 

Após a dinâmica, pudemos refletir sobre várias questões relevantes. A observação revelou que as informações fornecidas eram insuficientes para a escolha precisa dos ingredientes, levando a uma alocação inadequada dos recursos disponíveis. Alguns participantes pegaram mais ingredientes do que precisavam, enquanto outros tentaram colaborar para equilibrar a distribuição. Essas questões refletem bem a realidade dos serviços de saúde, onde frequentemente enfrentamos a falta de recursos, a dificuldade em compreender claramente as necessidades dos usuários e a necessidade de gerenciar as limitações de forma eficaz. A dinâmica ilustrou a importância de uma comunicação clara e completa entre os usuários e os profissionais de saúde, além de destacar a necessidade de estratégias eficazes para alocação e uso de recursos, para garantir que todas as demandas possam ser atendidas de forma adequada.

Em seguida, após um resgate dos conceitos já trabalhados nas oficinas anteriores, foram apresentados os conceitos desta oficina: oferta, demanda e balanceamento entre oferta e demanda nos serviços de saúde, citando algumas ferramentas sugeridas em documento do GCT (2021) para ajudar nessa análise, que foram preenchidas previamente como entrega para a SES. 

Para descontrair, foi passado um breve vídeo cômico que traz, de forma caricaturada, o dia a dia em um posto de saúde. E então demos início à atividade da análise coletiva do trabalho, onde, após introdução resgatando a metáfora da casa na construção social da APS de Mendes e os perfis de demanda e oferta na APS. Quatro grupos discutiram sobre oferta e demanda:

  • Atenção às condições agudas

  • Atenção às condições crônicas

  • Atenção ao Autocuidado apoiado e Atenção domiciliar

  • Atenção às demandas administrativas e cuidados preventivos

Cada grupo representou visualmente esse equilíbrio em uma balança, destacando os desafios enfrentados. Representações diversas pela singularidade da turma, mas com um destaque para um grupo que ao discutir a demanda espontânea representa que apesar de ter aumentado a demanda, hoje no Paraúna a oferta é capaz de absorvê-la e que para os hiperutilizadores faz-se necessário um estudo minucioso para entender este usuário e propor um plano de cuidado multidisciplinar.

A plenária aconteceu após o lanche e cada grupo trouxe os desafios relacionados ao(s) perfil(s) de oferta sorteado e sugestões para melhoria nos processos internos da unidade relacionados a esse equilíbrio, sendo complementado por outras sugestões da turma, pactuadas no coletivo. Neste momento foi falado a importância de se ter uma escuta qualificada sem engessamentos em protocolos na perspectiva de ampliar o olhar e entender a demanda do indivíduo que acessa o serviço de saúde. E que, ao apropriar das suas atribuições, melhora o alinhamento dos processos e qualifica o profissional para melhorar a sua escuta. A importância em “regular” alguns serviços, como exames por exemplo, não ofertando o mesmo exame em curto espaço de tempo como forma de racionalizar a oferta. Na farmácia seria importante que fosse sinalizado à ESF quando o usuário informa que não precisa de certo medicamento de uso contínuo, porque ainda possui em casa, o que indica uso inadequado deste. 

A população está envelhecendo e é necessário estratificar os acamados e domiciliados para que a oferta de Visitas Domiciliares possa ser otimizada. Assim como, a necessidade das equipes se organizarem para aproveitar o horário que é protegido para usar o carro, que é disponibilizado 4 vezes na semana para esta unidade.

A promoção da saúde pode ser realizada em sala de espera e os três grupos apontaram a necessidade de resgatar este espaço que tem recursos disponíveis com a construção de uma agenda dos temas destacados no mês, sendo sugerido a criação de um comitê de promoção para ser o articulador deste movimento.

Os grupos de renovação de receitas seriam um espaço potente para que os profissionais da eMulti possam fazer abordagens pertinentes para o público em questão, não havendo necessidade de se criar novos grupos, cuja adesão nem sempre é satisfatória.

E que a presença dos médicos nos matriciamentos e outros espaços cuja agenda é protegida deverá ser discutida na reunião do dia 22/08/24 para que haja cobertura do agudo neste momento de extrema importância para prática de uma clínica ampliada com troca de saberes entre os participantes. 

Posteriormente, houve apresentação dos dados do Paraúna sinalizando que metade da população cadastrada tinha acesso às consultas com médico e enfermeiro e que houve um destaque para os hiperutilizadores. O CEM-VN trouxe a fila e oferta dos serviços na perspectiva de problematizar que no Paraúna não há demanda reprimida significativa pelo uso da fila expectante. E que os hiperutilizadores do Centro de Saúde não são os mesmos usuários com condição crônica que acessam o CEM, após avaliação dos 16 usuários do Paraúna que fizeram mais de 25 consultas em 2023.

A Oficina 7 do CS Paraúna e do CEM-VN foi um espaço valioso de reflexão e construção coletiva, onde os profissionais puderam revisar conceitos, compartilhar experiências e propor melhorias concretas para o equilíbrio entre oferta e demanda nos serviços de saúde. A participação ativa e o engajamento dos participantes reforçaram o compromisso com a implementação das práticas discutidas, resultando em uma avaliação geral positiva por todos os envolvidos, ampliando o olhar de cada ponto da rede para rever e repensar a programação para racionalizar a oferta e demanda, promovendo a vigilância em saúde.



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